Joinville, 09 de abril de 2014 - PUBLICAÇÕES ONLINE
Os desembargadores da 2ª Câmara Cível, por unanimidade, negaram
provimento ao recurso interposto por uma Cooperativa Médica da Capital
em face da decisão proferida pelo magistrado da 14ª Vara Cível Campo
Grande.
O espólio de O.B.C. propôs ação contra a Cooperativa na qual contou
que em setembro de 2009, aos 90 anos de idade, o paciente foi internado
com pneumonia, quadro que evoluiu para insuficiência respiratória, o que
levou o paciente a necessitar de ventilação mecânica e a ser submetido a
traqueostomia. Após a internação por 60 dias, a ré negou a continuidade
da cobertura sob o argumento de que o contrato limitava a internação em
UTI a esse período. Diante disso, o requerente propôs ação cautelar na
qual a cooperativa foi obrigada a custear seu tratamento até o dia em
que faleceu. Em processo posterior, buscou o Judiciário para pedir a
declaração da nulidade da cláusula do contrato que limita o tempo de
internação em 60 dias e solicitou também a condenação da ré ao pagamento
de indenização por danos morais em R$ 45.000,00.
Titular da 14ª Vara Cível Campo Grande, o juiz Fábio Possik Salamene
acatou o pedido do autor decretando a nulidade da cláusula e condenou a
ré ao pagamento de R$ 24.880,00 de indenização por danos morais.
Descontente com a decisão, a cooperativa médica apresentou recurso de
apelação com a alegação de que o paciente aderiu ao plano de saúde
antes da entrada em vigor da Lei 9.656/98 e não autorizou a migração ou
adaptação de seu plano às novas regras. Por conta disso, sustentou a
validade da cláusula que limita o tempo de internação. A recorrente
também argumentou não ter praticado qualquer conduta ilícita e defendeu a
improcedência do pedido de indenização por danos morais.
Apesar da argumentação da apelante, o relator do processo, juiz
convocado Vilson Bertelli, manteve a decisão de 1º grau. O magistrado
relatou que os contratos com planos de saúde são regidos pelo Código de
Defesa do Consumidor, conforme dispõe a Súmula 469 do Superior Tribunal
de Justiça. “Anote-se, ainda, ser de adesão o contrato celebrado entre
as partes, visto que as cláusulas do plano de saúde foram estabelecidas
unilateralmente pela Cooperativa Médica, sem que o falecido pudesse
discutir ou modificar substancialmente seus conteúdos. Assim, deve-se
repelir toda e qualquer cláusula contrária à boa-fé e ao equilíbrio
contratual, especialmente as que ofendem os bens jurídicos fundamentais
tutelados pela Constituição Federal, tais como, a vida, a saúde, a
integridade física, a dignidade da pessoa humana, dentre outros. (…) Por
violar a regra prevista no artigo 51, inciso IV, do Código de Defesa do
Consumidor, é manifesta a ilegalidade da cláusula contratual que limita
o tempo de internação em 60 dias anuais. Esse posicionamento,
inclusive, se encontra pacificado no Superior Tribunal de Justiça, a
teor do que dispõe a Súmula 302, cuja redação segue transcrita: ‘É
abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a
internação hospitalar do segurado’”, declarou o relator.
Processo nº 0077837-12.2009.8.12.0001
FONTE: TJMS
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